O Carnaval de Salvador ou, imprecisamente, Carnaval da Bahia, é uma festa popular de rua que é organizada anualmente em Salvador, no estado brasileiro da Bahia.

Começou a evoluir a partir da diferença entre as classes sociais — carnaval de rua contra carnaval em clubes privados — resultando em uma inversão da ordem social, tornando uma celebração utópica de igualdade em que a divisão social está temporariamente suspensa.

Carnaval de Salvador

O Carnaval de Salvador começa seis dias antes da quarta-feira de cinzas ou numa noite de quinta-feira. Está espalhado por sete circuitos e doze bairros soteropolitanos com apresentações musicais e desfiles de blocos carnavalescos, como também há espaço para bailinhos, música eletrônica, palco do rock.

Os foliões festejam em três principais circuitos: Dodô (Barra–Ondina), Osmar (Campo Grande–Avenida Sete) e Batatinha (Centro Histórico). Em 2013, foi criado o Afródromo, dedicado exclusivamente aos blocos afros e afoxés e com estreia em 2014, partindo do bairro do Comércio. Há também carnaval nos bairros de Cajazeiras, Itapuã, Periperi, Plataforma e Pau da Lima. Durante o evento, dezenas de cantores famosos desfilam nos trios elétricos — caminhões grandes com luzes e som, acima do qual os artistas cantam e dançam.

Dentre as atrações, destacam-se nomes da música baiana: Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Margareth Menezes, Bell Marques, Asa de Águia desfilando em blocos diversos, como também os tradicionais blocos carnavalescos como o Olodum, Timbalada, Filhos de Gandhy e Ilê Aiyê. Cerca de dois milhões de pessoas participam das festividades anuais que duram quase uma semana, mergulhando na música e na dança. Durante dezesseis horas por dia a cultura popular brasileira atinge a sua máxima expressão e economia local e Salvador recebe um impulso de proporções inequívocas.

História Carnaval de Salvador

Em 1950, Adolfo Dodô Nascimento e Osmar Álvares Macêdo, mais conhecidos como Dodô e Osmar, respectivamente, criaram a Fobica, um calhambeque aberto adaptado para apresentações musicais na qual decidiram sair pelas ruas de Salvador com um motorista, para tocarem suas músicas e a partir daí o trio elétrico nasceu.

Em 1952, o termo trio elétrico tornou-se genérico, em referência a um caminhão ou um ônibus que transportava os dois músicos ao redor das ruas durante o carnaval baiano. Em 1969, a canção de Caetano Veloso, chamada “Atrás do trio elétrico” acabou por popularizar o som do trio elétrico em todo o país. Hoje, a presença de caminhões de trio elétrico é uma das principais atrações do Carnaval da Bahia.

Cronologia:

1950 — o primeiro trio elétrico passaou em Salvador, este era chamado de Clube Vassourinhas. Originária do Recife, deixou como lembrança a dança do frevo;
1961 — primeiro desfile em homenagem ao Rei Momo;
1962 — Os Internacionais foi o primeiro bloco carnavalesco do Carnaval de Salvador;
1969 — Caetano Veloso cantou a canção Atrás do Trio Elétrico Só Não Vai Quem Já Morreu (apenas para aqueles que estavam em marcha fúnebre, e não os que caminhavam depois da música);
1970 — o Carnaval em Salvador aconteceu na Praça Castro Alves, entrando definitivamente em uma era de libertação cultural, social e sexual;
1972 — homenagem do Trio Tapajós para Caetano Veloso, que foi preso pelo governo militar brasileiro;
1974 — Dodô e Osmar comemoram as bodas de prata do carnaval de Salvador;
1976 — criada na Bahia, o Trio Tapajós chega aos carnavais de Belo Horizonte e Santos;
1978 — morre Adolfo Nascimento (Dodô);
1980 — o caminhão de música Traz Os Montes revolucionou o carnaval de Salvador trazendo um novo sistema de som;
1998 — inauguração de um monumento em honra aos fundadores do Carnaval de Salvador, Dodô e Osmar.
2017 — o tema oficial foi “Cidade da Música” em referência à seleção do Município de Salvador à Rede de Cidades Criativas da UNESCO na categoria Música.

Carnaval de Salvador Abadá

O abadá é geralmente branca e era vestimenta dos muçulmanos. Na Bahia, os abadás são usados principalmente por capoeiristas. No Carnaval de Salvador, o abadá simboliza a união de cores diferentes e, os padrões e logotipos pertence a um bloco carnavalesco e deve ser adquirido. Somente através da aquisição de um abadá que se pode participar de um dos blocos.

Instrumentos e gêneros musicais

O pau elétrico é um instrumento musical criado por Dodô para evitar a microfonia existente no violão elétrico utilizando o cêpo maciço que possibilitava a reprodução do som de forma perfeita. Inspirado no violão elétrico do carioca Benedito Chaves, o pau elétrico ou guitarra baiana possibilitou o desenvolvimento de uma nova forma de “fazer carnaval”.

O axé é um ritmo baiano que nasce da mistura de ritmos no carnaval de Salvador. Fruto principalmente da fusão do frevo e do afoxé. Durante o Carnaval de Salvador é o ritmo mais tocado nos trios elétricos.





Com o surgimento de novos talentos baianos que continuaram a popularizar ritmos regionais, o Carnaval tornou-se mais um caso em particular embora de alguma forma manteve a sua informalidade e espontaneidade contagiante. O sucesso de Luiz Caldas, Sarajane, e Chiclete com Banana, juntamente com a evolução do Ilê Ayê, e a emergência do Olodum desempenharam um papel importante na transformação do Carnaval de Salvador no que é hoje, sendo mais longo, mais itinerante e aberto ao mundo. As classes média e alta, finalmente sucumbiram ao ideal do Carnaval em inspiração da harmonia racial e, no final dos anos 80, a celebração pré-Quaresma entrou em um processo irreversível de “deboche”. O carnaval de rua passou a representar uma identidade coletiva do Carnaval baiano.

Até o início de uma nova década, o Carnaval da Bahia tornou-se uma fábrica de talentos institucionalizada. O sucesso de precursores como Luis Caldas, Chiclete com Banana, o Ilê Ayê, Margareth Menezes, Olodum anunciava a convergência da música comercial do Carnaval. Lentamente, os mercados de música nordestina e nacional começaram a abrir.

Carnaval de Salvador Trio elétrico

Criado por Dodô e Osmar a famosa fobica, remodelação de um velho Ford Bigode 1929, tornou-se o primeiro trio elétrico. Totalmente mudado e pintado para a festa, a fobica virou o palco perfeito para à guitarra baiana. Esta invenção transformou o carnaval de rua de Salvador. Que hoje em dia é agitado por vários cantores famosos na Bahia. Os shows dados em cima do trio elétrico passam pelas ruas dos bairros como Barra, Ondina e Campo Grande. Atraindo uma grande multidão de pessoas, tanto anônimas quanto outros artistas e personalidades.

Carnaval de Salvador Blocos

Os blocos são os grandes destaques do Carnaval de Salvador, nos blocos os principais artistas da música baiana e brasileira se apresentam em cima dos trios elétricos fazendo a alegria dos foliões do mundo todo.

Carnaval de Salvador Camarote

Os camarotes são uma espécie de associações carnavalescas que ocorrem juntos aos blocos e aos trios elétricos.Através da aquisição de um abadá, estrangeiros podem fazer parte de camarotes também. Os camarotes no sentido estrito são suportes ou stands que cobrem ao longo das avenidas, dos quais o carnaval de rua pode ser observado. Além disso, os camarotes geralmente oferecem open bar, comida dos mais variados tipos, e salão de música ao som de DJs, assemelhando-se a uma discoteca.

Carnaval de Salvador Pipoca

Se não quiser pagar por qualquer uma dessas opções, pode-se desfrutar do Carnaval de Salvador como folião pipoca (“pipoca”, sempre pulando). As pessoas que fazerem parte da pipoca não pertencem a nenhum bloco, mas acompanham o trio elétrico através de um cordão.

Carnaval de Salvador Circuitos

O desfile dos blocos é feito através dos dois principais circuitos (Circuito Dodô e Circuito Osmar), paralelamente. As duas principais atrações musicais são Chiclete com Banana e Ivete Sangalo.Chiclete comanda os blocos Nana Banana, Camaleão e Voa Voa, enquanto que Ivete comanda o Coruja e Cerveja & Cia. Outras importantes atrações musicais que participam do Carnaval são Asa de Águia, Daniela Mercury, Banda Eva, Timbalada, Olodum, Araketu, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, entre outros.

Circuito Osmar: começou em 1950 e percorre do Campo Grande até a Praça Castro Alves, passando pela Rua Chile, Rua Carlos Gomes e Avenida Sete de Setembro. Com cerca de cinco quilômetros de extensão.

Circuito Dodô (também conhecido como Circuito Barra-Ondina): da Barra até Ondina, sai do Farol da Barra e chega à Praia de Ondina, num total de quatro quilômetros. Começou no início da década de 1980 com cerca de cinco horas de duração.

Circuito Batatinha: nas ruas do Centro Histórico, do Largo do Pelourinho até o Terreiro de Jesus, não há nenhum trio elétrico, apenas desfila os blocos para crianças, sendo um local mais reservado para curtir o carnaval.

Circuito Sérgio Bezerra: desfiles de blocos de bandas de sopro e de percussão na Avenida Oceânica, na Barra, do Farol ao Morro do Cristo. O circuito foi estabelecido em 2013 para a folia na quarta-feira anterior ao Carnaval dos blocos ligados à Associação Carnavalesca de Entidades de Sopro e Percussão (Acesp).

Circuito Riachão: seu percurso se estende pela Mudança do Garcia, que vai do Garcia até a Passarela Nelson Maleiro, no Campo Grande. Foi criado em 2015 e estreou na folia de 2016.

Circuito Mestre Bimba: inicia na Rua do Norte à Rua do Sítio Caruano, no Nordeste de Amaralina. Foi criado em 2015 e estreou na folia de 2016.

Circuito Orlando Tapajós: inicia na Avenida Oceânica, no trecho entre o Clube Espanhol e o Largo do Farol da Barra, e receberá o pré-carnaval na Barra, com o Furdunço e o Fuzuê, criados respectivamente em 2014 e 2015 – ambos com apresentações de chão, sem veículo de som e sem cordas, com fanfarras e bandinhas, bandas de sopro, percussão e batucada. Assim como os outros dois acima, foi criado em 2015 e estreou na folia de 2016.

Fora dos circuitos, há ainda atrações em alguns outros bairros e o Palco do Rock. Em 2017, ocorreu a 23.ª edição do Palco do Rock, dessa vez na Praça Wilson Lins, na Pituba.