Salvador recebe o monólogo Eros impuro em sessões gratuitas

Quando ainda ministrava aulas de história da arte para adolescentes, em 2011, o ator e artista plástico Jones de Abreu precisava encontrar o meio mais fácil de abordar a nudez de forma apropriada para a idade dos alunos, sem tornar o projeto vulgar e sim educativo. Abreu, então, começou uma pesquisa de campo ligada ao erotismo. A apuração do artista plástico na cidade de Salvador trouxe a criação de o torso nu de um homem, quadro que apresenta a proposta de Jones sem precisar ser explícito.

Instigado pela obra, o jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio, que viu o quadro durante uma exposição, decidiu dar vida ao homem nu que não tinha face. O resultado foi o monólogo Eros impuro, que estreia em Salvador nesta quarta-feira, 13, e fica em cartaz na capital baiana até o dia 26 de março, sempre às 20h, no Teatro Sesc Senac Pelourinho.  A entrada é gratuita.





No centro do palco, o ator Jones de Abreu dá vida ao pintor Andrei, o Eros do título. O personagem é um homem obcecado pela necessidade de pintar uma imagem que o atormenta desde a infância. Eros foi abusado sexualmente na infância e tenta se libertar dessa mácula pela força libertadora da criação. É neste momento que a obra do ator, que deu origem à peça, entra em cena. Embora o personagem não consiga terminar o quadro, oscilando entre estados de lucidez e loucura .

Sua obra é taxada de pornográfica, imoral e suja. Julgado e marginalizado por uma sociedade conservadora que tem dificuldade de lidar com o erótico, ele segue sem acesso a galeria. Segundo o roteiro, seus lapsos de insanidade são o reflexo de uma sexualidade mal resolvida e oprimida pela sociedade.

“É um desafio narrar, com delicadeza e contundência, uma história ao mesmo tempo urgente e difícil para a sociedade como esta. Cada sessão tem sido um aprendizado”, revela Jones.

Fonte: Tarde Uol





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