Foliões registraram 402 casos de racismo no carnaval de Salvador

O crime de racismo liderou as denúncias de violência ou discriminação registrados nos quatro postos do Observatório da Discriminação Racial, da Violência contra a Mulher e LGBT durante o carnaval. São 402 de total de 544 registros, número que representa 15,8% do total de queixas. O Observatório é um órgão vinculado à Secretaria de Reparação Racial.

A turismóloga Maria França, que assistiu ao desfile d´Os Negões, contou que percussionistas do grupo foram agredidos por foliões que estavam pipocas. “Não estava acontecendo com outros blocos. Eu acompanhei o Coruja, outros blocos, e eu não vi esse tipo de comportamento”, disse. Este é um dos casos que foram registrados no Observatório durante a festa popular.

O censo do IBGE de 2010 mostrou que 76,27% da população soteropolitana é negra ou parda. No Estado da Bahia, o percentual aumenta para 79,47%. “O racismo que incide no carnaval, em grande parte, coincide com o local em que o negro é colocado, ao lado das cordas, na condição de folião pipoca, espremido entre os blocos e os camarotes”, avalia o pesquisador Valdélio Silva.

Fora da folia, a auxiliar de enfermagem Aba Hildete Correia registrou queixa de racismo contra uma agência bancária de Salvador. Segundo a vítima, ela precisou ir ao banco para assinar os documentos do financiamento estudantil.





Ana Hildete conta que o segurança do banco exigiu que a bolsa dela fosse revistada. “Quando eu fui empurrar a porta, travou. Ele disse: ‘para a senhora entrar, vai ter que deixar eu revistar a sua bolsa ou então botar no guarda volume'”, conta.

O Grupo Especial de Combate à Discriminação Racial apurou 215 denúncias de racismo desde que foi criado em 1997. O cordenador do grupo explica que qualquer pessoa que se sinta vítima de racismo pode procurar o Ministério Público ou uma delegacia de polícia da cidade de Salvador. “A Constituição de 1988 estabeleceu que o racismo é crime inafiançável e imprescritível. Todo aparato judicial está pronto para reprimir qualquer ação nesse sentido”, explicou o promotor Cícero Ornelas.

Carnaval
O dia com mais queixa foi o sábado de carnaval, dia 9 de fevereiro, que teve 143 ocorrências, a maior parte foi proveniente do circuito Osmar, no Campo Grande. A segunda principal denúncia é a de agressão contra a mulher, com total de 112 ocorrências.

O público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) é responsável pela abertura de 12 queixas, 11 delas de agressões. O Observatório faz parte da Secretaria de Reparação Racial, da Prefeitura de Salvador.

Fonte: G1





Deixe seu comentário